Seja Bem-Vindo

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segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Desamparo




Silenciados
feito dois estranhos
[nem cabe falar muito em certas horas,]
apenas alguns longos olhares,
e arriscar algumas frases recheadas
de meras trivialidades,

nada foi facilitado

[e ainda assim, enxergou dourados fios nos meus cabelos,]

mas era tão pouca a luz da cafeteria,
e ampliada a sombra
no tanto espaço entre dois corpos,
no tanto silêncio que pairava,

foi permitido

que cada palavra se dissolvesse
pela saliva,
que se calasse em silenciosa dor,
presa;

nem meias palavras,
nenhum gesto a mais,

apenas um abraço,
imóvel,

de mútuo desamparo.


(Imagem: óleo de Marlene Edir Severino)
Setembro, 26 de 2011

6 comentários:

  1. Triste... as vezes o silêncio grita mais que mil palavras. As vezes as palavras rodopiam nossa mente chegam até a garganta mas fica presa entre os dentes. O corpo revida.

    Mútuo desamparo, perfeito Marlene.

    bjs

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  2. Parabéns pelo quadro que complementa o poema triste, o desamparo é triste. Um abraço, Yayá.

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  3. As palavras se ausentam-se sempre que os gestos se calam.

    Um beijo

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  4. Desamparo: a palavra é recorrente na semana, o poema retrata bem esse abandono. Triste? Hum...belo!!!
    Beijos, querida!

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  5. Marlene querida


    Quando o abraço não abarca, a voz não preenche, o olhar não traz... os corpos são casas vazias onde os amores arrastam correntes.


    Belíssima tradução poética de até onde, infelzimente, tb pode chegar o amor!

    Bj grande, amiga!

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