Seja Bem-Vindo

Seja Bem-Vindo

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Desamparo




Silenciados
feito dois estranhos
[nem cabe falar muito em certas horas,]
apenas alguns longos olhares,
e arriscar algumas frases recheadas
de meras trivialidades,

nada foi facilitado

[e ainda assim, enxergou dourados fios nos meus cabelos,]

mas era tão pouca a luz da cafeteria,
e ampliada a sombra
no tanto espaço entre dois corpos,
no tanto silêncio que pairava,

foi permitido

que cada palavra se dissolvesse
pela saliva,
que se calasse em silenciosa dor,
presa;

nem meias palavras,
nenhum gesto a mais,

apenas um abraço,
imóvel,

de mútuo desamparo.


(Imagem: óleo de Marlene Edir Severino)
Setembro, 26 de 2011

domingo, 18 de setembro de 2011

Da Ausência Ainda





Apagar
o inalcançável
do olhar,

matar a sede
da tua ausência.

É cheio ou vazio
o copo?



(Imagem: Do Quintal, fotografia de Marlene Edir Severino)
Setembro, 18 de 2011

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Cacos nos Bolsos




No silêncio da casa
já não sinto tua presença como antes,
frágil e emudecido ficou o lado de cá da vidraça,
tampouco te vislumbro nas estrelas quando a noite chega;

pela moldura da janela,
muda, a lua me observa,
e do horizonte ainda retornam ecos,
mas não da tua fala,

em branco o papel
da tua palavra

e tenho

que exercitar essa ausência,
tentar ignorar parcos vestígios.

Quem sabe o tempo ajude
a encaixotar esses dias em cinza,
essa bruma que turva, confunde tudo,

essa saudade de coisas tão efêmeras,
cacos nos bolsos,

rastros
em mim.


(Imagem: óleo sobre tela de Marlene Edir Severino)
Setembro, 15 de 2011