Seja Bem-Vindo

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quarta-feira, 1 de junho de 2011

Brincos Quebrados




" Eu escrevo como se fosse para salvar a vida de alguém. Provavelmente a minha própria vida. " Clarice Lispector



De uma margem a outra,
hesitantes palavras sopradas ao vento.
Fermenta.
O pão fermenta antes de assar.
Nesse constrangedor silêncio feito senha,
busco a senha que adentra,

raiz na terra, coordenadas, qualquer guia,
indicação da estrada, caminhos que se sobrepõem,
reinventam o dia em contraditórias imperfeições
do livro sobre a mesa,
travessia, labirinto

de tatuadas palavras: grafadas chamas,
indeciso desejo, distâncias de tato,
mãos vazias, suspiros sem som. Entrecortados.
Nesgas, migalhas.

Quero o doce da flauta,
roupas com cheiro de sol. Prazer de fome saciada.

Viagem nas metáforas, águas tantas,
mero mergulho em fragmentos, sem bilhete,
clandestina viagem, olhos fechados.
Passagem.

Escrevo.

Brincos quebrados.


(Imagem: Óleo de Marlene Edir Severino)
Junho, 01 de 2011

9 comentários:

  1. Marlene, como é bom de te ler, como é bela a sua poesia e esse silêncio feito senha! Parabéns...
    Beijos,

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  2. Marlene, minha amiga, tenho me impressionado cada vez mais com seus textos. Impecável, este poema. Belíssimo! Parabéns pela inspiração... e a tela é muito bela também!

    beijo.

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  3. Que poema mais belo acompanhado de uma imagem feita pelas tuas mãos o que dá mais veracidade às palavras...
    Também quero o doce da flauta e as roupas com gosto de sol...
    Lindo isso!!!
    Abraços

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  4. Marlene bom dia!
    Não tem como. Os brinco quebram ... e outros esperam...
    Lindo!
    Beijos,
    Carla

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  5. Marlene vim visitar e já gpostei,estou a seguir...
    Que lindo poema amiga...
    Bom final de semana...beijo

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  6. Linda pintura me lembrou um livro que li...O velho e o Mar, belissimo como tua pintura...bjin

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