Seja Bem-Vindo

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segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Janela de Dentro




A janela se abre para o quintal
através da cortina de névoa
que recobre a manhã,
encobre sonhos.

Chama-me o vazio,
invisível lado da janela de dentro,
cheira a abandono de provisórias cores,
imperfeitos cheiros, um nome em branco,
imagem ausente,
volta tanto, sempre aceso rastro
como se não tivesse ido.

Contida palavra: tristezas imediatas,
antigas insignificâncias nesta manhã de bruma
que confunde tudo
e deixa coisas fora do lugar.

Troco de roupa para aquecer o corpo,
ensaio o sorriso do rosto na frente do espelho,
distraio a solidão.

Experimento novas tintas, reparto meu silêncio:
desenho teu contorno, tua pele,
tua forma decorativa

amassada no papel.

(Imagem: óleo de Marlene Edir Severino)
Agosto, 15 de 2011

8 comentários:

  1. Boa noite, estamos sempre rabiscando, desenhando na tentativa de encontrar a forma correta dos contornos da imagem do amor verdadeiro, eterno e como é terno encontrar esse amor nao e mesmo? Bjin...suave e belo!

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  2. Que lindo! Triste e solitário. Mas cheio de cor, esperança e sentimentos.

    As tintas são parte dos nossos sonhos. Os pincéis é a nossa forma de agir e realiza-los. Os papéis é o onde.

    Beijos e boas pinturas. Aliás, lindas pinturas.

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  3. São experimentações através da poesia, uma bela experiência. Um abraço, Yayá.

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  4. Numa tela de formas imprecisas na névoa, basta um pingo de tinta amarela para que o sol brilhe. Nas mãos do artista, a tranformação da[s] paisagem[s].


    Um beijo

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  5. Linda pintura de poema... obrigado pela sua visita, já estou me sentindo em casa.
    Abraços!

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  6. escribes y pintas como una diosa en la Tierra!

    un fuerte abrazo, querida amiga.

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  7. Desenham-se janelas nas pinturas da memória, reconstruindo passagens que se perdem entre a nostalgia do momento e as cores dos quadros que se recordam!... Não como impulso… lentamente, como se a sensatez privilegiasse a calma dos sentidos, a tatuagem de aguarela que escorre na pele, deixando um rasto de odores frescos… de tentação nostálgica na metamorfose das cores e dos sentidos!... Talvez não preencham, as palavras, o chamamento que se confunde entre névoas perdidas na distância de dois mundos, de dois estados de espírito e Alma!... Como se a certeza das coisas não passasse da incerteza de todas as coisas e sentíssemos que estivemos sempre errados em aceitação, tal como a amálgama de sensações e sentimentos que vestem os corpos despidos de algo incompreensível, todavia, confortáveis!... Como a nostalgia sem morbidez, como a Esperança perdida sem pena, como… QUEM pergunta por uma resposta fora do lugar, dormindo na preguiça de uma breve passagem;)… Assim se põe fim à reconstrução da reconstrução de novas cores, de novos pigmentos no vão silêncio dos contornos da pele, esquecida no texto do tal papel amarrotado e jogado no cesto dos recados inúteis!... Talvez se experimente uma ténue sensação de pintura borrada pela desistência daquele quadro que jamais viria a ser uma obra prima… talvez restasse a arte de saber observar a interpretação das pinturas mais simples, porque todas as obras são simples quando olhamos para elas!...




    Abraço

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