
Do Vento
Pálido frio, ferrugem de final de tarde,
sibilar do vento nas curvas dos morros
emudeceu nos telhados de argila,
áspero, cortante,
dorso de iguana,
invade janelas da casa transparente:
antena de inseto, rodopio de folhas, latido de cães,
passos anônimos pelas ruas.
Depois, silêncio a calar bocas.
Lampejos de luz enviesada
a entremear folhas
opacas, soltas no chão.
Pigmentos de uma presença,
borrão no papel.
(Imagem: óleo de Marlene Edir Severino)
Junho, 29 de 2011