
Já não te falo mais do que me emudece,
de tênues, imperfeitas alegrias,
menos ainda de uma ou outra insignificância
que em algum momento me entristece:
conheço as dobras da tua armadura,
então transito imperceptível no silêncio,
vagueio por espaços com cheiro de abandono,
alguns passos sem rumo de abafados sonhos
transparente rascunho,
poema que não se concretizou
e tantas perguntas sem resposta,
agigantam-se, indecifráveis, ficam
imensas, tanta palavra sem som,
cor sem aquarela,
de vez em quando uma ou outra nuvem
desaba numa chuva, encharca a rua,
escorre pela calçada e pássaros fogem,
respingam lembranças, ecos abafados
habitam o silêncio, sombras das nuvens
turvam vez ou outra o azul do céu.
(Imagem: Fotografia do céu visto do quintal)
Agosto, 29 de 2011