Domingo
e seu silêncio de muro:
concreto aparente
deixa transparente
a concretude da solidão.
janeiro, 30 de 2011
Não é somente um poema. Nasceu num momento de recolhimento no intrínseco quintal, sobrevoou nas asas de alguma borboleta ultrapassou limites, noutras galáxias, quem sabe, um pouco mais além e transcendeu... Além do Quintal!
Seja Bem-Vindo

domingo, 30 de janeiro de 2011
terça-feira, 25 de janeiro de 2011
De pássaros e ninhos
"has construido tu casa
has emplumado tus pájaros
has golpeado al viento
con tus propios huesos
has terminado sola
lo que nadie comenzó"
Alejandra Pizarnik
Qual a fonte que despertou
tigres, dragões
na crueza lenta desta tarde quente
a cuspir fogo,
remexer guardados?
E nem mesmo vãs promessas, tantas juras
a não mais de tais lembranças fazer uso,
bater incessantemente à mesma tecla
(passado já se sabe, não se mexe),
porque em nada muda apenas entristece
relembrar minúcias.
E dá também certo cansaço ficar se repetindo
mas é que às vezes,
perde-se rumo numa tarde dessas;
mas guarda alguns lembretes:
os detalhes tantos da grande construção
não servem mais à nova empreitada
e desse tanto, muito,
nem tudo se perde,
guarda em ti, é o que basta
é tudo,
imenso,
que fique na lembrança.
A bruta argila, a primeira,
de verdes sonhos, a mais pura essência
é a verdadeira,
a única que te pertence.
Janeiro, 25 de 2011 – 19h37
sexta-feira, 21 de janeiro de 2011
Fotografia: texturas do tronco da goiabeira
Um mosaico
À luz deste poema
azul mosaico,
pincel do anil traço
violeta, papel de aquarela
sob a minha mão
teorema de atos,
irisada esteira milimétrica e lenta
trilha de pássaros
ancorada no tempo:
colorir ilusão.
A medida do espaço
em cada conta, casca,
semente, pedra,
texturas, puro instinto:
ágata, ametista,
infinito.
Janeiro, 21 de 2011 – 00h06
quinta-feira, 20 de janeiro de 2011
Fotografia: Pedras e conchas
Pedra
Pedra de rio,
vidro tosco, transparente
serpenteia a água a seu redor
e entre as folhas
clandestina e densa,
ora luminescente,
na fixidez do sol,
ora vastidão de sombras,
imobilidade do visgo,
incrustada de ocultos silêncios
tangentes, vazantes.
Pedra sem rio,
jorro de tristeza
de rio a desaguar.
janeiro, 20, 2011 – 19h48
terça-feira, 18 de janeiro de 2011
quarta-feira, 12 de janeiro de 2011
Deriva ( Imagem: aquarela da autora )

O silêncio da casa vazia
e o barulho da vida que segue,
lá fora
o encanto de respingos nas folhas,
chuva estrondosa, rápida,
pedra atirada no poço,
mais nada.
Trêmula lesma de rastro viscoso
a subir o muro
sem pressa
invoco tua imagem,
feições à deriva,
vaga.
Agônico silêncio
a traduzir espera:
que importa?
Se trazes
no mapa das nuvens
o intinerário do relâmpago.
o intinerário do relâmpago.
janeiro, 12, 2011 - 19h03
domingo, 2 de janeiro de 2011
De bruma
E nos aquietamos.
Não mais lacônicas, escassez de palavras,
nem vento mesmo há nesta manhã,
nenhum sopro a planar sementes;
alguns difusos sons, vozes,
sólidas sombras restaram
porque o vento as esqueceu.
Da janela do quarto a noite
também desenhou sombras nos telhados,
inesperada intimidade, estrangeiro irremovível ,
estranho ritual;
mas havia vento a mover cortinas,
música de corpos lânguidos,
vôo da alma
até nos aquietarmos na penumbra:
a lua lá fora tombada sobre os muros
e sob o brilho tênue das estrelas na vidraça,
nossos corpos.
Na névoa trêmula da manhã,
agitação de partidas das estações,
circunspecto, silencioso beijo,
nenhum vocábulo,
olhos difusos, mármore,
pálidos,
atrás de óculos enfumaçados.
Manhã de bruma agora.
02 de janeiro de 2011
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