Seja Bem-Vindo

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quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Cacos nos Bolsos




No silêncio da casa
já não sinto tua presença como antes,
frágil e emudecido ficou o lado de cá da vidraça,
tampouco te vislumbro nas estrelas quando a noite chega;

pela moldura da janela,
muda, a lua me observa,
e do horizonte ainda retornam ecos,
mas não da tua fala,

em branco o papel
da tua palavra

e tenho

que exercitar essa ausência,
tentar ignorar parcos vestígios.

Quem sabe o tempo ajude
a encaixotar esses dias em cinza,
essa bruma que turva, confunde tudo,

essa saudade de coisas tão efêmeras,
cacos nos bolsos,

rastros
em mim.


(Imagem: óleo sobre tela de Marlene Edir Severino)
Setembro, 15 de 2011

7 comentários:

  1. [o silêncio, esse terreno fértil de toda a palavra; aquela que a luz soube como iluminar mesmo no vão da casa interior, onde tudo se recompõe, onde tudo permanece, renascendo]

    um imenso abraço, Marlene

    Leonardo B.

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  2. marlene,
    porque somos todo o tempo, aprenderemos a moldá-lo a todos os silêncios e gritos que nos habitam. o que do lado de fora volteia? apenas a memória que, consta, não tem relógio e tudo desaprende.
    adoro a tua poesia! fiquei, ainda, a saber que experimentas a pintura, também. bravo!
    beijinho!

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  3. Bom dia..eterno suspiro num breve olhar para tua obra, poema e imagem, tudo nos deslumbra...bjin

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  4. Lindo o poema. Demostra a sensibilidade do poeta.

    Abraço

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  5. E do lado de cá da vidraça vemos o ritmo da VIDA a passar diferente.
    Lindo este poema.
    Abraços

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  6. "essa saudade de coisas tão efêmeras,
    cacos nos bolsos,
    rastros
    em mim."

    Ainda bem que com os teus cacos, tu fazes a poesia inquebrantável.

    Lindo poema!

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  7. Tua poesia é envolvente e fala ao meu coração como poucas o conseguem. "Entender" uma poesia é questão intelectual. A tua poesia, entretanto, sinto-a na pele, palavra por palavra.

    "Quem sabe o tempo ajude
    a encaixotar esses dias em cinza,
    essa bruma que turva, confunde tudo..."

    Belíssimo.
    Gosto demais da tua poesia.
    Beijokas.

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