Não é somente um poema. Nasceu num momento de recolhimento no intrínseco quintal, sobrevoou nas asas de alguma borboleta ultrapassou limites, noutras galáxias, quem sabe, um pouco mais além e transcendeu... Além do Quintal!
Seja Bem-Vindo
segunda-feira, 26 de setembro de 2011
Desamparo
Silenciados
feito dois estranhos
[nem cabe falar muito em certas horas,]
apenas alguns longos olhares,
e arriscar algumas frases recheadas
de meras trivialidades,
nada foi facilitado
[e ainda assim, enxergou dourados fios nos meus cabelos,]
mas era tão pouca a luz da cafeteria,
e ampliada a sombra
no tanto espaço entre dois corpos,
no tanto silêncio que pairava,
foi permitido
que cada palavra se dissolvesse
pela saliva,
que se calasse em silenciosa dor,
presa;
nem meias palavras,
nenhum gesto a mais,
apenas um abraço,
imóvel,
de mútuo desamparo.
(Imagem: óleo de Marlene Edir Severino)
Setembro, 26 de 2011
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Triste... as vezes o silêncio grita mais que mil palavras. As vezes as palavras rodopiam nossa mente chegam até a garganta mas fica presa entre os dentes. O corpo revida.
ResponderExcluirMútuo desamparo, perfeito Marlene.
bjs
Parabéns pelo quadro que complementa o poema triste, o desamparo é triste. Um abraço, Yayá.
ResponderExcluirAs palavras se ausentam-se sempre que os gestos se calam.
ResponderExcluirUm beijo
Desamparo: a palavra é recorrente na semana, o poema retrata bem esse abandono. Triste? Hum...belo!!!
ResponderExcluirBeijos, querida!
Por vezes o silêncio
ResponderExcluiré ser vivo
Marlene querida
ResponderExcluirQuando o abraço não abarca, a voz não preenche, o olhar não traz... os corpos são casas vazias onde os amores arrastam correntes.
Belíssima tradução poética de até onde, infelzimente, tb pode chegar o amor!
Bj grande, amiga!