Não é somente um poema. Nasceu num momento de recolhimento no intrínseco quintal, sobrevoou nas asas de alguma borboleta ultrapassou limites, noutras galáxias, quem sabe, um pouco mais além e transcendeu... Além do Quintal!
Seja Bem-Vindo
terça-feira, 21 de dezembro de 2010
Rosas de metal
Guarda para teu deleite
algum poema que te dei, uma ou outra palavra, também
tuas rosas de metal incrustadas
em ambígua canção que ofereceu,
que eu cá num ceticismo vago sempre soube,
que a mim nunca pertenceu;
apenas essas, as últimas, monossilábicas,
pronunciadas à distância,
escombros a ecoar nos meus ouvidos,
que contrário ao previsível
não me reduz, ainda que abundante
de áspera rudeza,
apenas de ti me afasta, transforma
dormidos sonhos de provisória alegria
em amálgama de despojos.
E a chuva veio agora,
a carregar o que restou do dia que o vento esqueceu lá fora,
a apagar teu nome que desnudo da garganta,
chuva ruidosa e fria sobre todas as coisas a cair,
menos gélida, porém, que tua voz que ainda ouço
distante terreno baldio de apego,
e retribuo apenas com silêncio e já é muito;
bem-vinda, solidão!
Terça feira, 21 de dezembro de 2010
21h05
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Por minha grande falta de jeito, mas com o desejo de também partilhar o espírito desta quadra, partilho de Vitorino Nemésio, um outro Natal,
ResponderExcluir«Percorro o dia, que esmorece
Nas ruas cheias de rumor;
Minha alma vã desaparece
Na muita pressa e pouco amor.
Hoje é Natal. Comprei um anjo,
Dos que anunciam no jornal;
Mas houve um etéreo desarranjo
E o efeito em casa saiu mal.
Valeu-me um príncipe esfarrapado
A quem dão coroas no meio disto,
Um moço doente, desanimado…
Só esse pobre me pareceu Cristo.»
Com um sincero desejo de uma quadra plena,
Um imenso abraço, Marlene
Leonardo B.