Seja Bem-Vindo

Seja Bem-Vindo

sábado, 25 de dezembro de 2010

Procura

Tento distinguir teu rosto no das pessoas
que passam a meu lado, transeuntes
apressados a esbarrar
na lentidão contemplativa dessa busca,
que vislumbra no lampejo de um olhar,
um traço, sinal, não importa,
vou saber quando encontrar.

Nos finais de tarde, envolta na estranheza
das horas que se distanciam, quase param
e silenciam as coisas,
fico a ouvir o vento, me incorporo a ele
transparente, vago, atenta a sua linguagem:
um esqueleto de folha, sementes,
um cheiro, signo,
mágico como este instante,
escolhido pela nuvem para encobrir o sol.

Quando se apaga o dia
nas noites claras, em parceria
com a solidária lua, que espreita,
ainda a busca continua e fico a indagar estrelas:

“- onde encontro, em que lugar procuro?”

E a me perder nas horas, a olhar o céu
atenta a algum lampejo, indício
de impenetrável código secreto
que possa ter acesso,


às vezes me confundo,
em alguma rota desviada a vocalizar
poema, monossilábicos
vocábulos de poeta atrás de óculos,
transitória estrela, horas de distância,
nenhum pedaço do infinito,
ou pés a flutuar.

Não desisti da busca, vital, intrínseca.
Sei, estás em algum lugar distante,

(quem sabe aqui, bem perto?)
em outro tom de violeta e fúcsia de um pôr-do-sol,
além deste oceano, noutras maresias,
outros sons de chuva,
manhãs de névoa, flor de vento,

jazz,
noutro quintal.

Espero que tempo haja,
porque apenas decidi que vou te achar.


Marlene Edir Severino 25/12/2010 - 14h56



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