Estava por aqui
a tingir o papel de aquarela
com as tintas desse instante:
salpiquei de leveza tua imagem,
olhos focados em quimera
a valorizar teus nadas,
absurda e ilusória me recrio a cada hora.
Em atalhos poeirentos percorridos,
vislumbro estreito corredor de estrelas;
recrio-te: incansáveis começos,
recomeços ambíguos,
frágil contentamento com teus poucos.
Escassos.
Desnecessárias palavras, agônicas a escorrer,
artéria silenciosa de inúteis percursos esvaecida ao vento;
dançam no ar, resquícios: sementes de dentes de leão,
asa de borboleta, esqueletos de folhas,
suaves plumas de algodão
salpicadas de violeta, malva nuvem,
gris.
Areia fugidia da ampulheta, contagem do tempo,
gozo finito.
Silencioso desalento de imagem borrada,
vestígio de tarde guardado no papel,
absorto desejo, confuso, imenso.
Tépido poente a tingir o céu.
Marlene edir severino
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